Os preços do boi gordo e do frango subiram mais de 40% no campo entre janeiro e setembro deste ano, na comparação o mesmo período de 2020, mostra o relatório “Mercados e Preços Agropecuários” divulgado nessa quarta-feira (1) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

 

Somente o valor do boi avançou 46,3%, enquanto o do frango abatido (inteiro e resfriado) registrou alta de 44,2%.

No mesmo período, o preço pago ao produtor de carne suína subiu 19,7%. Os dados do Ipea têm como base os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP). Boi gordo Apesar da forte alta no ano, o preço do boi gordo chegou a recuar 0,8% no terceiro trimestre de 2021, em relação ao segundo trimestre, por causa da suspensão das importações da China, após a confirmação de dois casos atípicos do mal da vaca louca notificados em Minas Gerais e Mato Grosso, no dia 4 de setembro.

“DIANTE DO EMBARGO CHINÊS (SEGUIDO POR HONG KONG) À CARNE BOVINA BRASILEIRA, NÃO FORAM ENCONTRADOS, PELO MENOS NO MÊS DE OUTUBRO E NAS DUAS PRIMEIRAS SEMANAS DE NOVEMBRO, OUTRAS PRAÇAS PARA COLOCAÇÃO DESSE PRODUTO EM VOLUME MINIMAMENTE PRÓXIMO AO QUE VINHA SENDO ENVIADO PELO BRASIL NOS MESES ANTERIORES”, AFIRMA O IPEA.

 

A China compra quase metade das cerca de 2 milhões toneladas de carne que o Brasil envia a outros países, por ano. O país asiático ainda mantém o veto às exportações brasileiras, apesar de terem liberado a importação de lotes que foram certificados antes do embargo. Com o embargo, os pecuaristas diminuíram os abates e a queda dos preços foi reforçada pela entrada de animais de confinamento no mercado nacional. O preço do boi, entretanto, já voltou a subir. Segundo o Ipea, a seca prolongada e o elevado preço dos grãos – que aumentaram o custo da ração animal – dificultaram o aumento de oferta de animais em diferentes regiões ao longo de 2021, o que continuará pressionando os preços no início de 2022. “Esse movimento tende a ser compensado ao longo do ano que vem com a recuperação do rebanho australiano e com o aumento no peso médio da carcaça pelo maior percentual de machos abatidos”, diz o relatório.

Carne de frango Com o avanço dos preços da carne bovina, o frango tem sido uma das alternativas de consumo de proteína animal.

E, DIANTE DA MAIOR PROCURA, OS PREÇOS, TANTO DO ANIMAL VIVO QUANTO DA CARNE DE FRANGO, CHEGARAM A ATINGIR EM SETEMBRO PATAMARES RECORDES REAIS DA SÉRIE HISTÓRICA DO CEPEA.

Somente no terceiro trimestre, o preço do frango (abatido e resfriado) chegou a subir 23,3%, em relação aos meses de abril a junho. Outro fator que tem contribuído para a alta de preço é o aumento das exportações. O volume de carne de frango embarcado pelo Brasil no acumulado do ano (janeiro a outubro) teve alta de 9,7% em relação ao mesmo período de 2020, puxado por países da África e da América Latina.

E a expectativa é de que os valores continuem em alta, mesmo com a proximidade do final de ano, quando, geralmente, há um aumento na demanda por outras carnes, como a suína, a bovina e as de aves natalinas. Isso deve ocorrer justamente por causa do aumento da procura por proteínas mais baratas e das exportações em alta. Carne suína

O preço médio de comercialização da carne suína no atacado caiu 3,2% no terceiro trimestre, frente ao trimestre anterior. Além da queda na demanda doméstica, as exportações também apresentaram leve recuo, contribuindo para a pressão negativa sobre os preços, diz o Ipea. No último trimestre do ano, a expectativa sazonal é de aumento na demanda por carne suína devido às festividades da época, o que costuma resultar em alta nos preços domésticos.

“NO ENTANTO, EM 2021, ESSE MOVIMENTO DE ALTA PODE SER MAIS COMEDIDO FRENTE AOS ANOS ANTERIORES, TENDO EM VISTA O ENFRAQUECIMENTO DA DEMANDA DOMÉSTICA E A POTENCIAL QUEDA NAS EXPORTAÇÕES DA PROTEÍNA”, DIZ O IPEA.

Apesar do bom ritmo de embarques constatado atualmente e de os volumes negociados em 2021 estarem acima dos comercializados no mesmo período do ano passado, é esperado que as exportações recuem nos últimos meses do ano.

FONTE: G1