O brasileiro lê pouco, independente da idade ou da classe social. Essa baixa frequência do hábito de leitura influencia no desempenho dos exames nacionais de educação e coloca o País entre os piores, especialmente se a leitura for mais longa e densa. Análise de micro dados do exame internacional Pisa 2018, feito pelo Centro de Pesquisas em Educação, Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), em parceria com a plataforma de leitura gamificada Árvore, revelou que o texto mais longo lido por alunos brasileiros de 15 e 16 anos não passou 10 páginas.
Formado em literatura com pós graduação em psicologia forense, Guilherme Suman explica que o incentivo a leitura deve se iniciar já nas fases iniciais da vida para que a criança tenha intimidade com os livros. “A infância é uma porta de entrada imprescindível para o hábito da leitura”, avalia.
Ele alerta que as novas gerações de pais “são filhos de uma geração super tecnológica que não se preocupam com leitura”. “A leitura começa lá na fábula narrativa com a criança que está às vésperas de dormir, depois quando ela desenha também é literatura. Agora, se ela fica na frente do tablet assistindo uma história que já está escrito, ela não entra como partícipe do ato literário”, comenta.
Além da falta de incentivo por parte dos pais, o ambiente escolar muitas vezes também não ajuda. O modelo impositivo, onde a regra é a replicação de algo datado, somado à obrigatoriedade antes do prazer em si, ajudam a explicar os índices baixos de leitura e se torna um desafio para educação.
Suman diz que algumas das estratégias para conquistar os jovens é a utilização de livros da cultura pop e oficinas literárias. “Em 2012, quando Crepúsculo era febre, tanto nas livrarias quanto no cinema, eu fiz uma troca com meus alunos. Entrei nesse universo como leitor e eles entraram no mundo de Drácula de Bram Stocker. Eu acho que livros assim são uma porta de entrada necessária”.
Professor de cursinhos preparatórios para Universidades, Suman vê com preocupação o cenário brasileiro, mas garante que o fenômeno não se aplica somente ao Brasil. “Percebemos ocorrências muito parecidas em outros países. Claro que as tradições e culturas de algumas lugares já largam na frente, mas é um fenômeno ocidental”, completa.
Dia do escritor
O Dia do Escritor é celebrado anualmente em 25 de julho no Brasil. Esta data foi escolhida em homenagem à fundação da União Brasileira de Escritores, que ocorreu em 1958. É um dia para reconhecer a importância dos escritores e suas contribuições para a cultura e o conhecimento. Os escritores são os artesãos das palavras, criando mundos, personagens e histórias que desafiam nossa imaginação, provocam reflexão e transmitem conhecimento.